domingo, novembro 26

Eu tenho idéias e razões

Eu tenho idéias e razões,
Conheço a cor dos argumentos
E nunca chego aos corações.

by Fernando Pessoa, 1932

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sábado, novembro 18

meio cansada da mesmice

Cotidiano

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde, como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca prá beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
Me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode as seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

by Chico Buarque de Hollanda

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domingo, novembro 12

Mundo Real

Terra. Aterrisei.
Mundo real. Realizei.

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domingo, novembro 5

Ontem caí do mundo da lua, e de bunda!

É verdade. Não tem porque esconder. Ontem caí do mundo da lua, e de bunda!

Estava lá no banheiro, depois do banho... pensando, pensando, pensando, ao mesmo tempo em que fazia coisas do mundo prosaico. Enfim, viajava... totalmente aérea e sem a mínima atenção exigida pela mecanicidade de ações como secar-se, pentear-se, pendurar a toalha, pendurar a calcinha.

Quase pelada pensava na vida, o que queria dela, que decisões tomaria frente a problemas que não eram totalmente meus, que decisões tomaria frente a problemas que sim eram meus.

Pensava sobre como as coisas começam a acontecer e fluem quando a gente deixa de fugir e encara os possíveis obstáculos de frente. Às vezes, eles não são tão obstáculos assim. Pensava sobre como tudo é mais fácil quando a gente pensa menos e age mais.

Foi quando fui chamada. Interromperam o caos do meu pensamento e me trouxeram de volta para o mundo real, mundo concreto feito de carne, osso e dor. Ai como doeu!

Justamente quando tentava me trazer de volta, fui trazida, forçosamente. Escorreguei no chão totalmente molhado e, não amparada pelo tapetinho de tartarugas coloridas, caí.

Machuquei a bunda e o dedão da mão direita. Nada grave. Mesmo dolorida, ainda posso sentar nessa cadeira e escrever alguns textos.

E aprendi que estar lá é legal, mas não resolve a minha vida na prática. O que resolve é estar aqui.

Foi mais uma prova de que a volta enobrece a ida.

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quarta-feira, novembro 1

Pedras

"Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

by Fernando Pessoa

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