Acesso restrito
Prazer. Meu
nome é Cu. Cu Cicerone. Minha missão é lhes apresentar o 2o Encontro Nacional de
Cus. Evento bianual organizado pela Associação Liberal dos Cus Anônimos e
Apertados.
Em 2012 promovemos um ciclo de palestras para a conscientização sobre a importância do exame de toque retal em rabos masculinos acima de quarenta anos. Um assunto de saúde pública.
Em 2012 promovemos um ciclo de palestras para a conscientização sobre a importância do exame de toque retal em rabos masculinos acima de quarenta anos. Um assunto de saúde pública.
Hoje é diferente. Estamos aqui
para discutir abertamente a polêmica questão do acesso restrito. O objetivo
final é construir consenso acerca da liberação ou proibição da entrada das
Rolas Insistentes. Por meio de fóruns e posterior votação, chegaremos ao
veredicto.
Vocês têm acompanhado pela mídia o número crescente de manifestações e roleatas. Elas estão fazendo pressão na nossa porta. Pleiteiam o direito de nos adentrar com a mesma naturalidade que as amigas Bostas Corriqueiras têm para sair.
Nas ruas, com faixas e cartazes, elas nos cobram uma posição. Querem a liberação oficial e consensual. Dizem que não desejam invadir porque senão perderia a graça.
Vocês têm acompanhado pela mídia o número crescente de manifestações e roleatas. Elas estão fazendo pressão na nossa porta. Pleiteiam o direito de nos adentrar com a mesma naturalidade que as amigas Bostas Corriqueiras têm para sair.
Nas ruas, com faixas e cartazes, elas nos cobram uma posição. Querem a liberação oficial e consensual. Dizem que não desejam invadir porque senão perderia a graça.
Agora então vamos nos dividir em
mini grupos para que o debate transcorra organizadamente. Peço que observem a
cor dos stickers em suas cumisetas. No fundilho deste auditório há um painel
esclarecendo qual cor vai para qual sala.
Por favor, dirijam-se aos seus espaços e iniciem as discussões grupais. Voltem à plenária daqui a duas
horas com suas opiniões formadas e preparados para o voto aberto.
E assim foi descabaçada a arenga.
Pela primeira vez tentava-se discutir, entre os reais interessados, um tema quase
secreto, tão cheio de fantasias, tabus e convenções.
Na sala REGO-FÊMEA:
- Por que será que as Rolas Insistentes tanto querem nos comer?
Perguntou a Cu Zuda.
- Porque a gente nunca deixa. Respondeu a Cu Carola.
- Já pensei em deixar a pica do meu namorado entrar. Mas desisti. E se a gente permitisse, sem restrição alguma? Voltou
a indagar Zuda.
- Aí elas iriam parar de pedir. Ficaria desinteressante. Ou iriam
desconfiar que já fizemos outras vezes. Refletiu Carola. Não importa. Eu não dou, não dou, não dou. Pra
mim, nós cus, fomos feitos pra expelir merda e não para receber pau duro!
- É mesmo! Eu também voto contra. O Cu Daminhatia me ensinou que homem
não valoriza essas facilidades. Tenho receio de ser trocado por uma rosca fechada
que nunca se dê. Concluiu.
- E eu que sou cagão, confesso. Uma vez tomei coragem e fiz uma
tentativa. Isso dói muito! Como dizem, quem tem cu, tem medo. Sou contra! Mil vezes contra! Esbravejou Cu
Namão.
Na sala TOBA-MACHO:
- Eu não faço questão do veto. Por mim, cada um faz o que quiser. Eu
não curto, mas se tem quem goste? Essa definição é individual e cabe a cada cu
decidir. Não pode depender de uma regra. Votarei a favor. Opinou Loló.
- Caralho, e você ainda diz que não
gosta! Cu que é cu não aceita vara! Vai me dizer que nunca experimentou?
Provocou Cu Machista.
- Eu não. Never! Liberei no máximo um fio terra e foram só duas vezes!
Retrucou Loló querendo logo passar a bola. E
você Cu Deferro, o que acha?
- Prefiro estudar melhor os prós e contras antes de me pronunciar. Aliás, tanto faz, eu não como ninguém nunca. Que dirá ser comido! Voto em branco. Cu Deferro amarelou.
Após duas horas de reunião e
caloroso debate, como combinado, os participantes voltaram para a plenária,
prontos para a votação eletrônica.
Caso encerrado. 252 votos contra
a liberação, 47 a favor e 1 em branco. Por consenso democrático da categoria
permanece proibida a entrada das Rolas Insistentes.
E você que pensou que essa coisa
de dar o cu fosse mais liberada por aí. Não é não! Se fosse, não estaria ainda tão
presente no imaginário popular como o mais restrito dos acessos.
Bianca Sabatino
PS: Na revisão do texto tentei enfiar o personagem Pau no cu, mas vi que não cabia. Também ficou de fora.
PS: Na revisão do texto tentei enfiar o personagem Pau no cu, mas vi que não cabia. Também ficou de fora.
Marcadores: conto, criação literária, textos
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