terça-feira, maio 30

Receita para matar uma semente de amor

Matar uma semente é muito fácil. De amor então, nem se fala. É mais fácil do que a gente imagina, qualquer um pode fazer. Não precisa ser nenhum expert no assunto. É só ficar atento aos ingredientes e ser preciso nos tempos e nas quantidades de execução.

Sigam com rigor, não falha.

Ingredientes:
- 3 desatenções
- 1 perda de exclusividade
- 2 porções de cansaço
- ½ punhado de timidez
- 2 pedras de orgulho
- 1 indecisão

Distância e desinteresse a gosto.

Execução:
Plante a semente. Escolha o terreno certo e a estação adequada.
Trate-a com carinho. Dê-lhe água, sol e abrigo. Cuide bem para que ela germine com energia. Nas primeiras semanas, conte-lhe historietas bonitas. As sementes escutam.

Quando ela começar a crescer, mas antes de dar frutos, comece a adicionar, paulatinamente, todos os ingredientes da receita. Mas atenção! Tem que ser devagar, porque senão ela morre antes de te proporcionar a alegria de senti-la dependente de você.

Depois é só esperar. Quando todos os ingredientes tiverem sido utilizados e quando ela não mais tiver espaço para crescer, ela morre. Não precisa chorar. É uma morte gradual e serena, sem muito o que lamentar.

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sexta-feira, maio 19

Triste Diário de Polinsky Salvatore

6º ato - mil desculpas

Querido Diário,

Desculpe-me pelo pelo período de indiferença e silêncio. Eu que tanto repudio ser alvo desse comportamento ingrato, acabei fazendo o mesmo com você. Mas saiba que não foi por maldade e nem por não ter o que dividir.

Sumi de você para tentar sumir de mim. Fugi de escrever para não ter que ler minha realidade cristalizada nas suas páginas inanimadas e virtuais. Tive vergonha de voltar aqui para compartilhar aquele mesmo discurso previsível e subjetivo de sempre.

Não tem jeito. Depois da bonança vem a tempestade.

O meu destino é um círculo e eu sou uma bola que ora está lá em cima, ora está lá embaixo. Até aí, normal. Os destinos são mesmo de lua. O pior é que o meu círculo não gira. Sabe círculo com naipe de quadrado? Pois é, o meu é assim. Tem vários lados e fica. Estático. Não anda. E eu, fico dando voltas e voltas dentro dele, mas ele mesmo, que deveria girar, fica parado.

Que insensatez !! Sinto-me como uma lesma bêbada ou como um cão sem rumo que corre atrás do rabo. Estou cansado e não vou entrar em detalhes hoje. Só vou te dizer que de novo levei o vice-campeonato.

Quanto mais eu corro, menos eu chego.

continua...

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terça-feira, maio 9

Triste Diário de Polinsky Salvatore

5º ato – o silêncio contestado

Ei, Polinsky! Por onde você anda ? Desistiu de escrever ou desistiu de mim ? Sou seu diário, seu amigo, lembra? Por que sumiu ? Não pergunto por curiosidade, e sim por preocupação.

Parece-me que algo de estranho aconteceu. Sinto que alguma coisa te incomoda e, por dúvida ou receio ou angústia, de novo, você se cala.

Não gostaria de perder a sua amizade e nem a minha condição de confidente. Lembre-se que sem as suas angústias, receios e dúvidas, quem não mais existe sou eu.

Hoje é 9 de maio de 2006. Contarei os dias e aguardarei o seu retorno.

Um abraço,
Diário.
continua...

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